O uso de programas espiões (stalkerware) tem crescido nos meses de isolamento social e isso está diretamente relacionado ao aumento dos casos de violência contra mulheres no período. De acordo com dados da Kaspersky, em abril de 2020 foram detectados mais de 8,2 mil instalações deste tipo de software em dispositivos móveis no mundo. No mesmo mês de 2019, o número foi de cerca de 7,7 mil.
Apesar de comercializados normalmente pela internet ou por empresas “legítimas”, os stalkerware são considerados uma ameaça à privacidade devido ao seu comportamento intrusivo e por atuar de forma oculta. Eles são instalados no celular sem a autorização e o conhecimento do proprietário para monitorar suas atividades pessoais. A ferramenta é capaz de informar, por exemplo, os locais pelos quais a vítima passou (utilizando a função GPS), acessar as mensagens de texto ou via redes sociais (incluindo WhatsApp) privadas e chamadas realizadas, permitindo até mesmo que o criminoso leia as mensagens ou escute as ligações. Há ainda um risco maior, além de compartilhar essas informações confidenciais com o stalker (normalmente o marido ou esposa ciumentos), esses dados ainda podem ser acessados por quem criou o programa.
De acordo com os especialistas na área, as mulheres são os maiores alvos dos stalkerware. Além disso, estudos demonstraram que 70% das mulheres vítimas de ciberespionagem também sofreram, no mínimo, uma forma de violência física e/ou sexual de seu parceiro.
“O stalkerware está constantemente em nosso radar. Só em abril de 2020, detectamos que 8,2 mil usuários em todo o mundo tinham um programa destes instalado no smartphone, enquanto em abril de 2019 esse número era de 7,7 mil. Observamos também que as estatísticas crescem mês a mês”, revela Tatyana Shishkova, analista sênior de malware da Kaspersky .
A Kaspersky é uma das empresas que fundaram, em novembro de 2019, a Coligação Contra o Stalkerware, que visa proteger as vítimas dos programas espiões.
A Coligação Contra o Stalkerware procura combinar a experiência dos seus parceiros no apoio às vítimas de violência doméstica, a defesa dos seus direitos digitais e a cibersegurança para enfrentar o comportamento criminoso cometido por stalkerware, assim como aumentar a conscientização pública para este tema .
“Estamos satisfeitos por ver que, para melhorar ainda mais a detecção deste tipo de software na indústria da cibersegurança, mais organizações aderiram à Coligação e, portanto, partilham o nosso conhecimento dentro deste grupo dedicado a proteger as vítimas do stalkerware”, acrescenta Tatyana .
Violência contra a mulher aumenta na pandemia
Nunca foi tão importante aumentar o número de organizações que lutam em conjunto contra o stalkerware do que nestes tempos difíceis. Com o confinamento provocado pela pandemia da Covid-19, a violência doméstica aumenta em todo o mundo. No Brasil, de acordo com dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, as denúncias de violações aos direitos e à integridade das mulheres aumentaram 36% em abril deste ano, comparado ao mesmo período de 2019. Outros membros da Coligação Contra o Stalkerware de diferentes regiões relatam aumentos semelhantes, dados que a ONU confirma.
Para aumentar ainda mais a sensibilização para o problema do stalkerware, a coligação produziu um vídeo explicativo disponível em seis línguas (inglês, francês, alemão, italiano, português e espanhol). O objetivo é fornecer informações úteis para que as vítimas compreendam e detectem os sinais de aviso de perseguição. O vídeo enumera os indicadores para verificar se a pessoa acredita que pode ter sido vítima de um stalkerware, bem como as medidas que deve ou não tomar.
O centro de recursos da coligação está também disponível nas seis línguas. As pessoas podem encontrar informações sobre o que é o stalkerware, o que pode fazer, como detectá-lo e como se proteger.
Coligação Contra o Stalkerware
A Coligação Contra o Stalkerware é uma organização dedicada ao combate do abuso e assédio por meio da criação e utilização de stalkerware. Atualmente, é formada por agências internacionais de serviço direto e de serviço às vítimas, bem como por empresas de cibersegurança.
com informações da Jeffrey Group
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